por Saulo Monteiro
De forma genérica, sabemos que, para a Filosofia espírita, a guerra é fruto de uma predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual. Para nós, fica claro que a guerra é sempre considerada um mal. Não há conflito armado bom ou justo, ele, afinal, é fruto do insucesso do diálogo, da diplomacia. Quando duas pessoas, grupos, partidos ou países se lançam à luta armada, já foi perdida a possibilidade de resolução de questões de modo humano, educado, respeitoso. Isso será sempre lamentável.
Os imortais propõem ainda que, à medida que o ser humano progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas. A guerra é uma coisa que vai acabar, que está relacionada à baixa capacidade humana de exercer empatia, de se colocar no lugar do outro, de tentar ver os diversos ângulos de um problema e as perspectivas dos outros.
No entanto, reconhecemos que, para o nível de opressão sistemática em que a Terra ainda se encontra, pode haver casos em a guerra se torna a única escolha possível, como nos casos do colonialismo, por exemplo, em que guerra é feita por impulso de liberdade e o progresso. Há casos em que uma violência territorial tira a soberania de alguém, muitas vezes do forte contra o mais fraco. E são em condições análogas a essas que a Filosofia espírita ensina o que deve ser sempre defendido. Há momentos em que os direitos básicos à sua própria humanidade são negados a certo povo ou grupo étnico; há relatos de pessoas que ficam prisioneiras a céu aberto, com seu direito de ir e vir suspenso; conhecemos histórias de acordos internacionais que são desrespeitados em nome de interesses mesquinhos materiais ou em nome de uma pretensa superioridade religiosa.
E, infelizmente, essa triste lista faz parte da ação histórica do estado de Israel sobre a Palestina, que vê, assustada, a própria convenção da ONU desrespeitada. Em 1948, o estado de Israel foi criado por essa entidade e a Palestina dividida. Desde então, a área destinada ao povo árabe já era bem menor, apesar de ser uma população numerosa. De lá para cá, o mais forte sempre se impôs e foi, progressivamente, diminuindo as terras que eram por direito das famílias palestinas, que passaram a viver em assentamentos, quase sempre sob tensão constante de guerra.
Enquanto a pergunta for quem começou primeiro, realmente a guerra árabe israelense não vai acabar. Mas também não dá para esperarmos que um povo se veja contra a parede, sem direitos humanos e não reaja, em nome da liberdade e do progresso, como disseram os espíritos a Kardec.
Ao tomarmos um lado e defendermos os direitos do povo palestino que vê suas crianças mortas ou jogadas na orfandade, não estamos justificando as ações terroristas do Hamas, inaceitáveis também, mas não é mais possível chamar o que vem acontecendo em Gaza nos últimos dias de guerra. É um massacre. Alguém ainda pode perguntar: mas são respostas de Israel aos terroristas, que devem se render. Mas e os civis mortos na Cisjordânia, onde nem tem Hamas? Em nome do seu direito, Israel se lança à suspensão do direito mais básico do cidadão palestino, que é o de viver.
Apoiado pelos EUA – que mais uma vez votou contra o cessar fogo no conselho de segurança da ONU –, o estado de Israel comete crimes de guerra e pratica um genocídio, legitimado por Washington, que defende claramente seus interesses armamentistas. Mais uma vez, o capital supera o ser humano, e a morte se estabelece com via possível. Não era para ser assim!
Como espírita, sinto-me no dever de me somar à defesa palestina. Quem no nosso meio, pelo rumo que as coisas tomaram, se coloca ainda ao lado dos empreendimentos israelenses, ficou cego por sua ideologia de extrema direita e pelos meios de comunicação enviesados que consultam. Contudo, pode ser coisa pior: eles sejam mesmo etnocidas.
Palestina livre!
Achei um artigo tendencioso, que carece de uma fundamentação, reflexão e critica mais apurada sobre os acontecimentos entre Israel e Palestina. Apenas mais uma opinião superficial de internet.